A Nova Configuração dos BRICS na Política Mundial

A adesão de novos membros, liderada por Pequim, ilustra as mudanças na dinâmica da política mundial no século XXI, fortalecendo significativamente o peso político e econômico do grupo. Vamos discutir em que contexto ocorre o processo de expansão do BRICS e quais são os interesses envolvidos.


Originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o BRICS anunciou o seu processo de expansão para incluir Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, a partir de 2024. O BRICS, além de ser uma plataforma política para alinhar estratégias, tem se tornado um espaço de cooperação em diversas áreas, como economia, comércio e segurança.

Com a adesão de novos membros, o grupo passa a representar cerca de 36% do PIB mundial e 46% da população global, além de contar com grandes reservas ambientais e energéticas e produção significativa de alimentos. Em termos de produção energética, por exemplo, o BRICS englobará grandes países produtores de petróleo, como Rússia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes, que, juntamente com outros membros da OPEP, têm o poder de regular a produção global e influenciar o preço do barril. Todos esses elementos combinados conferem, ao bloco, um peso político e econômico na arena internacional com potencial de intensificar as tensões com as potências ocidentais.

A invasão militar da Rússia à Ucrânia e as consequentes sanções comerciais, bem como o acirramento das tensões entre Estados Unidos e China contribuem para agravar a relação do BRICS com o Ocidente. Ademais, a acessão dos novos membros ao BRICS amplia a influência chinesa e coloca em xeque a hegemonia do G7, grupo composto por algumas das 7 economias mais industrializadas do mundo.

No topo da agenda do novo BRICS encontra-se a proposta de se realizar transações comerciais em moeda alternativa ao dólar, preferencialmente o yuan. Essa medida atrai países como Argentina, que enfrenta desvalorização de sua moeda, e Irã e Rússia, dois países que vêm sofrendo com sanções econômicas impostas pelo Ocidente.

Em meio a esse cenário fragmentado, o Brasil permanece com uma postura de não-alinhamento ativo e equidistância pragmática em relação aos conflitos entre Estados Unidos, Rússia e China. Dessa forma, o país busca aproveitar as oportunidades comerciais resultantes dessas disputas geopolíticas. Esta posição reforça o histórico da diplomacia brasileira, que reverencia o princípio do multilateralismo em suas relações internacionais. Em situação similar, tem-se a Índia, que tem buscado oportunidades de comércio intra-BRICS, mas afastando qualquer caráter de oposição às potências ocidentais. Recorda-se que, recentemente, as relações Índia e China têm sido nutridas por sentimentos de desconfiança, resultado de disputa territoriais.

Se, por um lado, o aprofundamento das relações com o BRICS+ tem potencial de, em algum nível, provocar atritos ocasionais entre o Brasil e os seus aliados históricos no Ocidente, por outro, a relação com o bloco de países emergentes oferece oportunidades significativas, sobretudo no campo do comércio.

Autora:

Giselle Costa – Consultora de Comércio Internacional na BMJ Consultores Associados,

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